Sabe-se que vários fatores afetam a eclodibilidade e a qualidade dos pintos. Além da temperatura, CO2/O2 e controle da humidade, o volteio dos ovos é um importante quarto parâmetro que determina o sucesso da incubação e a qualidade dos pintinhos recém-nascidos. Neste artigo, destacamos por que o volteio dos ovos é tão importante e investigamos o efeito do aumento da frequência de volteio durante a incubação inicial por meio de testes em escala experimental e comercial.

O papel do volteio dos ovos durante a incubação

As incubadoras modernas costumam operar com uma frequência de volteio de 24 vezes por dia até o 18o dia de incubação. O volteio dos ovos férteis desempenha um papel fundamental no crescimento embrionário:

  • Ele garante a utilização adequada da albumina e dos nutrientes da gema do ovo por parte do embrião. 
  • Ele evita a adesão do embrião à membrana da casca interna e facilita seu movimento para a posição normal de eclosão.
  • Ele estimula o crescimento da "area vasculosa" (área vascularizada) da membrana corioalantoica (MCA). 

Além disso, o volteio dos ovos é importante para a troca de calor do embrião. Ele otimiza a dinâmica do fluxo de ar na incubadora de maneira simétrica. Ao se alternar regularmente a posição de rotação das bandejas entre os perfis A e V, a passagem do fluxo de ar pelos ovos é melhorada, em comparação com o nivelamento horizontal dos ovos. 

egg turning frequency trial
Além de sua função fisiológica, o volteio dos ovos facilita a troca de calor do embrião, otimizando a dinâmica do fluxo de ar. 

De testes laboratoriais a testes em escala comercial: materiais e métodos

O objetivo do nosso estudo foi avaliar a influência de uma maior frequência de volteio dos ovos durante a incubação inicial em lotes jovens, no auge e antigos. O estudo foi dividido em 3 fases e realizado com os seguintes parceiros: 

  • Universidade de Ancara (Turquia)
  • Lar Cooperativa Agroindustrial (Brasil)
  • Aviagen Latin America (Brasil)
  • Redondos Alimentos (Peru)
  • Universidade Estadual de Ponta Grossa (Brasil)

Fase 1 – Universidade de Ancara

Na primeira fase, 2.700 ovos Ross 308 por teste (idade do lote jovem, no auge e velho) foram distribuídos aleatoriamente e uniformemente entre 3 incubadoras de laboratório idênticas (ângulo de volteio fixo de 38°) para determinar a influência da frequência de volteio: 

  • Programa de volteio A: 96x por dia (1 volteio/15 min) do dia 0-3; 24x por dia (1 volteio/hora) do dia 4-18
  • Programa de volteio B: 96x por dia (1 volteio/15 min) do dia 0-7; 24x por dia (1 volteio/hora) do dia 8-18
  • Programa de volteio C: 24x por dia (1 volteio/hora) do dia 0-18 (grupo de controle)

Fase 2 – Lar, Aviagen e Redondos

Como próximo passo, foi realizado um teste em escala comercial com mais de 2,8 milhões de ovos de linhagens comerciais (28 a 68 semanas) incubados em incubadoras de Alta Densidade e padrão (ângulos de volteio monitorados de 38-40°) para comparar os resultados de eclosão de: 

  • Maior frequência de volteio durante a primeira semana de incubação: 1 volteio/15 min do dia 0-3, 1 volteio/30 min do dia 4-7, e 1 volteio/hora do dia 7-18
  • Protocolo de volteio padrão: 1 volteio/hora do dia 0-18 (grupo de controle)

Fase 3 – Aviagen e Universidade Estadual de Ponta Grossa

Na fase final, a densidade do vaso sanguíneo na membrana corioalantoica foi avaliada em 112 ovos com uma frequência de volteio aumentada, para se ter uma visão detalhada da área vascular por processamento de imagem (4 imagens/ovo) de acordo com os métodos usados por Fernandes et al. (2016). Imagens fotográficas de diferentes amostras foram feitas ao longo da seção intermediária do equador do ovo. 

 

Resultados e discussão

Na Fase 1, o aumento da frequência de volteio durante a primeira semana de incubação melhorou a eclodibilidade de maneira consistente. Os melhores resultados foram registrados para os Grupos A e B, nos quais a frequência de volteio foi maior em comparação com um protocolo de volteio padrão (ver gráfico 1: barras coloridas em relação a barras cinza). A eclodibilidade melhorada foi, em grande parte, devida ao efeito benéfico da maior frequência de volteio sobre a mortalidade embrionária tardia. 

Petersime Summary Results Pt
Gráfico 1: Diferenças nos resultados de eclosão de ovos férteis (%) entre 3 programas de volteio (testes em escala experimental). 

Na Fase 2, o aumento na frequência de volteio dos ovos resultou em ganhos médios de 0,3% na eclodibilidade, perda de peso dos ovos e menor mortalidade embrionária (principalmente devido a uma incidência reduzida de mortalidade embrionária tardia e percentuais consistentemente menores de malformação e malposição do embrião): 

  • Aumento de 0,3% na eclodibilidade total (ver gráfico 2)
  • Aumento de 0,3% na perda de peso dos ovos (ver gráfico 3)
  • Diminuição de 0,3% na mortalidade embrionária total (ver gráfico 4)
Image 2 Hatch Pt
Gráfico 2: Diferenças nos resultados de eclosão de ovos incubados e eclosão de ovos férteis entre 2 programas de volteio (testes em escala comercial). 
Image 3 WL Pt
Gráfico 3: Diferenças nos resultados de perda de peso dos ovos (%) aos 18,5 dias entre 2 programas de volteio (testes em escala comercial). 
Image 4 EM Pt
Gráfico 4: Diferenças nos resultados de mortalidade total (%) entre 2 programas de volteio (testes em escala comercial). 

Na Fase 3, o percentual de área vascularizada na membrana corioalantoica aumentou ligeiramente em embriões aos 11 dias submetidos a uma maior frequência de volteio de ovo (ver imagens abaixo). 

egg turning frequency trial
Avaliação da densidade dos vasos sanguíneos na membrana corioalantoica em ovos com maior frequência de volteio.

Conclusão

O volteio de ovos férteis durante a incubação é vital para o desenvolvimento do embrião. Em vez do volteio por hora tradicional, nosso estudo indica que aumentar a frequência de volteio durante a primeira semana de incubação gera melhor eclodibilidade, em grande parte, devido à redução da mortalidade embrionária tardia. Curiosamente, o estudo também demonstra o crescimento da área vascularizada da membrana corioalantoica e relata maior perda de peso dos ovos na transferência, o que pode ser parcialmente atribuído ao aumento da vascularização na membrana corioalantoica. 

Sobre os autores
Petersime Bruno Machado Sqr
Bruno Machado Consultor Global de Incubação

Como especialista em negócios de avicultura dedicado, Bruno Machado é formado em ciências animais, com MBA em avicultura e em gestão de negócios. Ele adquiriu profundo conhecimento na indústria avícola, por exemplo, na função de gerente de incubatório. Em sua função de Consultor Global de Incubação na Petersime, seu trabalho abrange projetos de pesquisa, teste de campo e também treinamento e suporte ao cliente.

Petersime Eduardo Romanini Sqr (1)
Eduardo Romanini Coordenador de P&D em Incubação

Eduardo Romanini é PhD em engenharia de biociências, com foco em tecnologias de incubação. Eduardo ingressou na Petersime para implementar o primeiro incubatório de estágio único da empresa no Brasil. Em seus passos seguintes, assumiu o suporte técnico e de incubação para clientes da América Latina e participou de um programa de pesquisa e desenvolvimento de produtos da UE. Atualmente, Eduardo coordena projetos de pesquisas de incubação e testes comerciais da Petersime.

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